Texto retirado do Publico.
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Allen Halloween, nome maior do hip hop português da actualidade, autor de Árvore Kriminal,
um dos álbuns de destaque de 2011, assegurará a partir de Março uma
residência mensal no Musicbox, no Cais do Sodré, em Lisboa. Não será
simplesmente o rapper em cima do palco, será divulgador, será curador de
noites que se propõem apresentar uma realidade do hip hop português que
se mantém nas ruas, em desenvolvimento subterrâneo, mas ainda longe dos
palcos.
A primeira residência tem
lugar a 9 de Março. Seguir-se-ão duas, em Abril e em Maio. Allen
Halloween chamou-lhes “A Noite da Lisa”, título da uma das canções de A Árvore Kriminal. “A ideia”, diz ao PÚBLICO o autor de Drunfos,
é “dedicar cada mês ao rap português, ou underground, ou crioulo, que
tenha algum nome nas ruas”. Conceito simples: “Chegar ao Musicbox e
mostrar o trabalho”.
Sempre com a participação de Allen Halloween,
certamente a início dos concertos, provavelmente juntando-se mais tarde
aos convidados de cada uma das noites. Para já, não avança nomes
convidados. Prefere destacar aquilo que serviu de motivação para a
criação da residência: “A lacuna na zona de Lisboa para o movimento
rap”. Explica: “Vão aparecendo festas aqui e ali, mas nada de
consistente. Ter uma casa habitual num sítio como o Cais do Sodré é o
ideal para atrair muita gente do movimento e para chamar a atenção de
outros para as bandas”. Uma vez por mês, resume, “A Noite da Lisa” será
“uma pequena Meca do hip hop”.
Não surpreende, portanto, que os
concertos sejam alvo de gravação vídeo, forma de reunir uma documentação
que escasseia e cuja utilização, explica, tanto pode assumir a forma de
teledisco quanto a de material para um futuro documentário. “Queremos
captar” - para já, essa é a única certeza.
Allen Halloween prepara neste momento o sucessor de Árvore Kriminal,
o seu segundo álbum, cuja edição prevê para Junho. É certo que
ouviremos novas canções durante a residência, mas isso não implica que a
sua recepção pública interfira na elaboração do novo disco. “O meu
processo criativo nunca esteve relacionado com o feedback que
recebo”. É trabalho mais íntimo, uma conversa de Allen Halloween com
Allen Halloween. Algo que parece confirmar-se, de resto, no véu que
levanta sobre o álbum em preparação. “Irei abandonar o som mais polido
do Árvore Kriminal. Será mais na linha do primeiro [Projecto Mary Witch], um regresso às raízes com alguns sons mais experimentais mas, no geral, mais caseiro, com produção mais seca”.
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